O transtorno de depressão é um sentimento de tristeza suficientemente intenso para afetar o desempenho de funções e/ou reduzir o interesse ou o prazer em atividades. É possível que ele surja depois de uma perda recente ou de outro acontecimento triste, mas é desproporcional em relação ao acontecimento e se prolonga por mais tempo do que seria normal.

  • Fatores hereditários, efeitos colaterais de medicamentos, eventos emocionalmente angustiantes, alterações dos níveis de hormônios ou outras substâncias no corpo e outros fatores podem contribuir para a depressão.

  • A depressão pode fazer com que a pessoa fique triste e sem energia e/ou que perca todo o interesse e prazer em atividades de que costumava gostar.

  • Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas.

  • Antidepressivos, psicoterapia e, às vezes, eletroconvulsoterapia podem ajudar.



    O termo depressão costuma ser usado para descrever o humor triste ou desencorajado que resulta de eventos emocionalmente estressantes, como um desastre natural, uma doença séria ou a morte de um ente querido. É possível também que a pessoa diga que se sente deprimida em determinados momentos, como nas festas de fim de ano (tristeza de fim de ano) ou no aniversário da morte de um ente querido. No entanto, esses sentimentos normalmente não representam um transtorno. Normalmente, esses sentimentos são temporários e duram dias, não semanas ou meses, e ocorrem em ondas que tendem a estar relacionadas a pensamentos ou lembranças do evento perturbador. Além disso, esses sentimentos não interferem substancialmente com a funcionalidade durante qualquer período de tempo.



    Depois da ansiedade, a depressão é o transtorno de saúde mental que ocorre com mais frequência. Aproximadamente 30% das pessoas que consultam um clínico geral têm sintomas de depressão, porém, menos de 10% dessas pessoas apresentam depressão grave.



    A depressão normalmente se desenvolve durante o meio da adolescência, ou ao redor dos 20 ou 30 anos; no entanto, a depressão pode começar praticamente em qualquer idade, incluindo durante a infância ( Depressão e transtorno da desregulação do humor em crianças e adolescentes).



    Um episódio de depressão não tratado costuma durar cerca de seis meses, mas, às vezes, prolonga-se por dois anos ou mais. Os episódios tendem a se repetir diversas vezes ao longo da vida.

Destaque para Idosos: Depressão

A depressão afeta aproximadamente um em cada seis idosos. Alguns idosos já tiveram depressão. Outras a desenvolveram pela primeira vez depois de idosas.

Causas da depressão em idosos

Algumas causas de depressão podem ser mais comuns em idosos. Por exemplo, os idosos possivelmente têm mais propensão a vivenciarem eventos emocionalmente angustiantes que envolvem uma perda, como a morte da pessoa amada ou a perda de uma vizinhança familiar, como na mudança para outro local. Outras fontes de estresse, como a redução da renda, piora de uma doença crônica, perda gradativa da independência ou isolamento social, também podem contribuir para a doença.

Doenças que podem levar à depressão são comuns em idosos. Essas doenças incluem câncerataque cardíacoinsuficiência cardíacadoenças da tireoideacidente vascular cerebraldemência e doença de Parkinson.

Depressão versus demência

A depressão em idosos pode causar sintomas que se assemelham aos da demência: pensamento mais lento, diminuição da concentração, confusão e dificuldade de se lembrar. No entanto, o médico consegue diferenciar entre depressão de demência, porque quando a depressão é tratada, a pessoa com depressão recupera sua função mental. Isso não ocorre em pessoas com demência. Além disso, a pessoa com depressão pode se queixar amargamente sobre a sua perda de memória, mas raramente esquece importantes acontecimentos atuais ou assuntos pessoais. Pelo contrário, as pessoas com demência geralmente negam perda de memória.

Diagnóstico da depressão em idosos

A depressão é muitas vezes difícil de ser diagnosticada em idosos devido a vários fatores:

  • É possível que os sintomas sejam menos perceptíveis, porque o idoso possivelmente não trabalha ou tem uma quantidade menor de interações sociais.

  • Algumas pessoas acreditam que a depressão é uma fraqueza e relutam em contar a outras pessoas que elas estão sentindo tristeza ou outros sintomas.

  • A ausência de emoção pode ser interpretada como indiferença em vez de depressão.

  • É possível que a família e amigos considerem os sintomas de uma pessoa deprimida simplesmente um sinal de que a pessoa está envelhecendo.

  • Os sintomas podem ser atribuídos a outro transtorno, como a demência.

Como pode ser difícil identificar a depressão, muitos médicos rotineiramente fazem perguntas aos idosos sobre seu humor. As pessoas da família devem ficar atentas a mudanças de personalidade sutis, especialmente perda de entusiasmo e espontaneidade, perda do senso de humor e esquecimento de fatos recentes.

Tratamento da depressão em idosos

Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs) são os antidepressivos mais frequentemente usados em idosos que estão deprimidos, porque os ISRSs são menos propensos a causarem efeitos colaterais. Citalopram e escitalopram são especialmente úteis.


Causas

A causa exata da depressão não está clara, mas uma série de fatores pode tornar sua ocorrência mais provável. Os fatores de risco incluem

  • Uma tendência familiar (hereditariedade)

  • Eventos emocionalmente angustiantes, especialmente os que envolvem uma perda

  • Ser do sexo feminino, possivelmente envolvendo alterações dos níveis hormonais

  • Certas doenças físicas

  • Efeitos colaterais de certos medicamentos

A depressão não significa uma fraqueza de caráter e pode não refletir um transtorno de personalidade, um trauma de infância ou falta de atenção dos pais. A classe social, a origem étnica e fatores culturais aparentemente não exercem influência sobre a possibilidade de uma pessoa ter depressão ao longo da vida.

Fatores genéticos contribuem para a depressão em aproximadamente metade das pessoas que a têm. Por exemplo, a depressão é mais comum em parentes de primeiro grau (especialmente em um gêmeo idêntico) de pessoas com depressão. Os fatores genéticos podem afetar o funcionamento de substâncias que ajudam as células nervosas a se comunicarem (neurotransmissores). Serotonina, dopamina e noradrenalina são neurotransmissores que podem estar envolvidos na depressão.

As mulheres são mais propensas a apresentarem depressão que os homens, embora as explicações para esse fato não sejam claras. Entre os fatores físicos, os hormônios são os mais associados à depressão. Alterações nos níveis hormonais podem causar alterações no humor um pouco antes da menstruação (como parte da síndrome pré-menstrual), durante a gravidez e depois do parto. Algumas mulheres ficam deprimidas durante a gravidez ou durante as quatro primeiras semanas após o parto (melancolia pós-parto ou, se a depressão for mais séria, depressão pós-parto). A função anormal da tireoide, que ocorre com bastante frequência em mulheres, pode ser outro fator.

A depressão pode se manifestar em conjunto com um determinado número de doenças físicas e fatores ou ser causada por eles. Doenças físicas podem ser a causa direta de uma depressão (como quando uma doença da tireoide afeta os níveis hormonais), ou sua causa indireta (como quando a artrite reumatoide provoca dor e incapacidade). A depressão resultante de uma doença física tem, frequentemente, causas diretas e indiretas. Por exemplo, a AIDS pode causar uma depressão direta, se o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a AIDS, lesionar o cérebro. A AIDS pode causar uma depressão indireta devido a um efeito geral negativo na vida da pessoa. Muitas pessoas afirmam que se sentem mais tristes no final do outono e no inverno e atribuem essa tendência à diminuição das horas de luz natural e às temperaturas mais baixas. No entanto, em algumas pessoas, essa tristeza é grave o bastante para ser considerada um tipo de depressão (chamada de transtorno afetivo sazonal).

O uso de alguns medicamentos com receita médica, como alguns betabloqueadores (usados para tratar hipertensão arterial), pode causar depressão. Por razões desconhecidas, os corticosteroides provocam depressão com frequência quando o corpo os produz em grandes quantidades no contexto de um transtorno (como na síndrome de Cushing), mas quando administrados como um medicamento, eles tendem a causar hipomania (uma forma menos grave de mania) ou, raramente, mania. Algumas vezes, interromper a administração do medicamento pode causar depressão temporária.

Vários transtornos de saúde mental podem predispor uma pessoa à depressão. Eles incluem certos transtornos de ansiedadealcoolismo, outros transtornos de uso de substâncias e esquizofrenia. Pessoas que já tiveram depressão têm mais propensão a tê-la novamente.

Eventos emocionalmente angustiantes, como a perda de um ente querido, às vezes podem desencadear depressão, mas geralmente apenas em pessoas predispostas à depressão, como as que têm pessoas na família com depressão. Contudo, a depressão pode surgir ou piorar sem nenhum motivo aparente ou significativo.






Sintomas

Os sintomas da depressão em geral se desenvolvem gradativamente ao longo de dias ou semanas e podem variar muito. Por exemplo, uma pessoa que esteja se tornando depressiva pode ter um comportamento apático e triste ou irritável e ansioso.

Muitas pessoas com depressão não conseguem sentir emoções – incluindo luto, alegria e prazer – de forma normal. O mundo parece ter menos cores e menos vida. A pessoa perde o interesse ou o prazer em atividades de que costumava gostar.

É possível que a pessoa deprimida esteja preocupada com intensos sentimentos de culpa e autodestrutivos e talvez não consiga se concentrar. Ela pode ter sentimentos de desespero, solidão e inutilidade. Essas pessoas costumam ficar indecisas e retraídas, ter uma sensação progressiva de desamparo e de falta de esperança e pensar em morte e em suicídio.

A maior parte das pessoas deprimidas tem dificuldade para adormecer e despertam repetidas vezes, principalmente de manhã. Algumas pessoas com depressão dormem mais que o habitual.

A falta de apetite e a perda de peso podem causar emaciação e, no caso das mulheres, é possível que a menstruação pare de vir. No entanto, a alimentação excessiva e o aumento de peso são comuns em pessoas com depressão leve.

Algumas pessoas deprimidas negligenciam a higiene pessoal ou mesmo seus filhos, outros entes queridos ou animais de estimação. Algumas pessoas se queixam de ter uma doença física, com vários sofrimentos e dores.

O termo depressão é utilizado para descrever vários transtornos relacionados:

  • Transtorno depressivo maior

  • Transtorno depressivo persistente

  • Transtorno disfórico pré-menstrual

Transtorno depressivo maior

A pessoa com transtorno depressivo grave fica deprimida na maior parte do dia por, no mínimo, duas semanas. Ela pode dar a impressão de estar se sentindo muito infeliz. Os olhos podem ficar cheios de lágrimas, as sobrancelhas podem estar franzidas e os cantos da boca podem estar voltados para baixo. É possível que ela se sinta desanimada e evite contato ocular. É possível que ela praticamente não se mova, mostre pouca expressão facial e converse de forma monotônica.


Transtorno depressivo persistente

Uma pessoa com transtorno depressivo persistente fica deprimida a maior parte do tempo por dois anos ou mais.

Os sintomas começam de modo gradativo, frequentemente durante a adolescência, e podem durar anos ou décadas. A quantidade de sintomas presentes concomitantemente varia e, às vezes, os sintomas são mais leves que os da depressão grave.

A pessoa com esse transtorno pode estar triste, pessimista, descrente, sem senso de humor e incapaz de se divertir. Algumas são passivas, sem energia e introvertidas. Ela reclama constantemente e é rápida em criticar os outros e censurar a si mesma. Ela se preocupa com a inadequação, o fracasso e com acontecimentos negativos, ao ponto de chegar a desfrutar morbidamente dos seus próprios fracassos.

Você sabia que...

  • A depressão envolve mais coisas do que ficar triste o tempo todo: A pessoa pode se sentir inútil e culpada, perder o interesse nos seus prazeres habituais, ter distúrbios do sono, perder ou ganhar peso.



    Transtorno disfórico pré-menstrual

    Sintomas graves ocorrem antes da maioria dos períodos menstruais e desaparecem quando terminam. Os sintomas causam angústia substancial e/ou interferem bastante no desempenho de funções. Os sintomas são semelhantes aos da síndrome pré-menstrual, mas são mais graves, causando grande angústia e interferindo com o desempenho de funções no trabalho e interações sociais.

    O transtorno disfórico pré-menstrual pode surgir inicialmente em qualquer momento depois que as meninas começam a menstruar. Ele pode piorar conforme as mulheres se aproximam da menopausa, mas termina após a menopausa. Ele ocorre em cerca de 2% a 6% das mulheres que estão menstruando.

    Mulheres apresentam alterações de humor e ficam tristes e chorosas subitamente. Elas ficam irritáveis e se zangam com facilidade. Elas ficam bastante deprimidas, sem esperança, ansiosas e se sentem no limite. Elas podem se sentir sobrecarregadas ou sem controle. Elas costumam se colocar para baixo.

    Assim como com outros tipos de depressão, mulheres com esse transtorno podem perder o interesse em suas atividades normais, ter dificuldade para se concentrar e se sentir cansadas e sem energia. Elas podem comer em excesso ou ter compulsão por certos alimentos. Elas podem dormir pouco ou muito.

    Como muitas mulheres cuja menstruação está prestes a começar, essas mulheres podem sentir suas mamas sensíveis e edemaciadas e/ou dores em músculos e articulações. Elas podem se sentir inchadas e ganhar peso.

    Especificadores

    Os médicos usam certos termos para descrever sintomas específicos que podem ocorrer em pessoas com depressão. Esses termos incluem

    • Angústia ansiosa: A pessoa se sente tensa e, normalmente, inquieta. É possível que ela tenha dificuldade para se concentrar, porque se preocupa ou teme que algo terrível pode acontecer ou que pode perder controle de si própria.

    • Mista: A pessoa também apresenta três ou mais sintomas de mania. Estes sintomas incluem sentimentos de exuberância e/ou extrema autoconfiança, falar mais que o normal, dormir pouco e pensamentos acelerados. Essas pessoas não têm todos os sintomas exigidos para serem diagnosticadas com transtorno bipolar, mas elas correm o risco de eventualmente tê-lo.

    • Melancólica: A pessoa não sente mais prazer em nenhuma das atividades de que costumava gostar. Ela parece letárgica, triste e desanimada. Ela fala pouco, para de comer e perde peso. Ela pode se sentir excessivamente ou indevidamente culpada. Ela geralmente acorda cedo na manhã e não consegue voltar a dormir.

    • Atípica: É possível que a pessoa se anime temporariamente quando algo bom acontece, como uma visita de seus filhos. Ela tem aumento do apetite, que resulta em ganho de peso. É possível que ela durma por longos períodos. Ela é excessivamente sensível à crítica ou rejeição percebida. Ela pode se sentir oprimida, como se mal conseguisse mover as pernas.

    • Psicótica: A pessoa tem crenças falsas (delírios), geralmente de ter cometido pecados ou crimes imperdoáveis, de sofrer de doenças incuráveis ou constrangedoras ou de estar sendo observada ou perseguida. É possível que a pessoa tenha alucinações, geralmente vozes acusando-a de vários delitos ou condenando-a à morte.

    • Catatônica: A pessoa fica muito isolada. A realização de ações comuns, como pensar e falar, pode se tornar mais lenta, ao ponto de todas as ações voluntárias serem reprimidas. Algumas pessoas imitam a fala (ecolalia) ou os movimentos (ecopraxia) de outras.

    • Sazonal: Episódios de depressão ocorrem todos os anos em um período particular do ano, normalmente com início no outono ou inverno e término na primavera. Esses episódios são mais comuns nas latitudes extremas do norte e do sul, onde o inverno é, em geral, mais longo e rigoroso. A pessoa fica letárgica. Ela perde o interesse nas atividades cotidianas e desiste delas. Ela também pode dormir e a comer em excesso.

    Suicídio

    Pensamentos de morte são um dos sintomas mais graves de depressão. Muitas pessoas deprimidas querem morrer ou sentem que, por valerem pouco, merecem morrer. Aproximadamente 15% das pessoas deprimidas não tratadas terminam a sua vida se suicidando.

    Uma ameaça de suicídio é uma emergência. Quando a pessoa ameaça se matar, é possível que o médico a interne para que ela possa ser supervisionada até o tratamento reduzir o risco de suicídio. O risco é especialmente alto nas seguintes situações:

    • Quando a depressão não é tratada ou não é tratada adequadamente

    • Quando o tratamento inicia (quando a pessoa se torna mais ativa mental e fisicamente, mas o seu humor ainda é sombrio)

    • Quando a pessoa tem um aniversário significativo

    • Quando a pessoa alterna entre depressão e mania (transtorno bipolar)

    • Quando a pessoa se sente muito ansiosa

    • Quando a pessoa bebe álcool ou usa drogas recreativas ou ilícitas

    • Nas semanas a meses após uma pessoa ter cometido uma tentativa de suicídio, especialmente se ela tiver usado um método violento

    Abuso de drogas

    A pessoa com depressão tem mais propensão de abusar do álcool ou de outras drogas recreativas para tentar dormir ou para se sentir menos ansiosa. Contudo, a depressão dá origem ao alcoolismo e ao abuso de drogas com menos frequência do que se pensava antes.

    A pessoa tem mais propensão para fumar muito e descuidar da sua saúde. Por isso, aumenta o risco de a pessoa desenvolver ou piorar outras doenças, como doença pulmonar obstrutiva crônica.

    Outros efeitos da depressão

    A depressão pode diminuir a capacidade de o sistema imunológico responder a corpos estranhos ou nocivos, como micro-organismos ou células cancerosas. Assim, a pessoa com depressão pode ser mais propensa a desenvolver infecções.

    A depressão aumenta o risco de apresentar distúrbios do coração e dos vasos sanguíneos (como ataques cardíacos) e AVC. O motivo pode ser que a depressão causa algumas alterações físicas que aumentam este risco. Por exemplo, o corpo produz uma quantidade maior de substâncias que causam a coagulação do sangue (fatores de coagulação) e ocorre a diminuição da capacidade do coração de mudar a frequência de seus batimentos em resposta a diferentes situações.


Diagnóstico

  • Avaliação de um médico

  • Exames para identificar doenças que podem causar a depressão

Em geral, é possível que o médico diagnostique uma depressão a partir dos sintomas. Os médicos utilizam listas específicas de sintomas (critérios) para diagnosticar os diferentes tipos de transtornos depressivos. Para ajudar a diferenciar entre a depressão e alterações comuns no humor, o médico determina se os sintomas estão causando angústia significativa ou prejudicando a capacidade de a pessoa desempenhar suas atividades. Antecedentes de depressão ou histórico familiar de depressão contribuem para confirmar o diagnóstico.

Na depressão, é frequente a pessoa manifestar preocupação excessiva, ataques de pânico e obsessão, sintomas que podem levar o médico a pensar erroneamente que a pessoa tem um transtorno de ansiedade.

Em idosos, pode ser difícil detectar a depressão, sobretudo em pessoas que não trabalham ou que têm pouca interação social. Além disso, a depressão pode ser confundida com demência, porque pode causar sintomas semelhantes, como confusão e dificuldade de concentração e de pensar claramente. No entanto, quando esses sintomas são causados por depressão, eles desaparecem quando a depressão é tratada. Quando a demência é a causa, eles não desaparecem.

Questionários padronizados são usados para ajudar a identificar a depressão e determinar a sua gravidade, mas não podem ser usados isoladamente para diagnosticar a depressão. Dois exemplos desses questionários são a Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton, em que um entrevistador faz as questões em voz alta, e o Inventário da Depressão de Beck, que consiste em um questionário autoadministrado. Por sua vez, o questionário da Escala de Depressão Geriátrica é aplicado aos idosos. O médico também pergunta à pessoa se ela tem qualquer pensamento ou plano de causar lesões a si mesma. Esses pensamentos indicam que a depressão é grave.

Exames

Não existe nenhum exame que consiga confirmar a depressão. Entretanto, exames laboratoriais podem ajudar o médico a determinar se a depressão é causada por uma doença hormonal ou outro distúrbio físico. Por exemplo, geralmente são feitos exames de sangue para detectar uma doença de tireoide ou deficiência de vitaminas. É possível que sejam feitos exames para detectar o uso de drogas no caso de pessoas mais jovens.

Um exame neurológico completo é feito para detectar a doença de Parkinson, que causa alguns dos mesmos sintomas.

No caso de pessoas com distúrbios do sono graves, talvez seja necessário fazer exames (polissonografia) para diferenciar os distúrbios do sono da depressão.

Tratamento

A maioria das pessoas com depressão não precisa de hospitalização. No entanto, às vezes, a pessoa deve ser hospitalizada, sobretudo se ela já considerou ou tentou cometer suicídio, se estiver demasiado fraca pela perda de peso ou se houver risco de problemas cardíacos devido à agitação grave.

O tratamento depende da gravidade e do tipo de depressão:

  • Depressão leve: Terapia de suporte (incluindo visitas frequentes ao médico e educação) e psicoterapia

  • Depressão moderada a grave: Medicamentos, psicoterapia ou ambos e, às vezes, eletroconvulsoterapia

  • Depressão sazonal: Fototerapia

A depressão em geral pode ser tratada com sucesso. Se a causa (como um medicamento ou outra doença) puder ser identificada, ela é corrigida primeiro, mas também poderão ser necessários medicamentos para tratar a depressão.

Apoio

É possível que o médico agende visitas ou contatos telefônicos semanalmente ou em semanas alternadas para pessoas com depressão. O médico explica à pessoa e à sua família que a depressão tem causas físicas e necessita de tratamento específico, que normalmente é eficaz. O médico a tranquiliza dizendo que a depressão não reflete uma falha de caráter, como fraqueza. É importante que as pessoas da família entendam o transtorno, estejam envolvidas no tratamento e prestem apoio.

Compreender a depressão pode ajudar a pessoa a entender e a lidar com o transtorno. Por exemplo, a pessoa entende que o caminho para a recuperação geralmente é complicado e que episódios de tristeza e pensamentos obscuros podem ocorrer novamente, mas que têm fim. Portanto, a pessoa pode repensar a questão dos retrocessos e é mais propensa a continuar seu tratamento e não desistir.

Tornar-se mais ativo, caminhando e exercitando-se regularmente, pode ajudar, assim como interagir mais com outras pessoas.

Grupos de apoio (por exemplo, a Aliança de Apoio a Pacientes com Depressão e Transtorno Bipolar [Depression and Bipolar Support Alliance] –DBSA) podem ajudar ao oferecer um fórum onde as pessoas compartilham experiências e sentimentos comuns.

Psicoterapia

A psicoterapia em si pode ser tão eficaz quanto a farmacoterapia no caso de depressão leve. Quando usada em conjunto com medicamentos, ela pode ser útil para a depressão grave.

A psicoterapia individual ou de grupo pode ajudar a pessoa depressiva a retomar de modo gradual suas antigas responsabilidades e a adaptar-se às pressões normais da vida. A terapia interpessoal se concentra nos papéis sociais passados e presentes da pessoa, identifica problemas com o modo como a pessoa interage com outras pessoas e oferece orientação conforme a pessoa se ajusta às alterações nos papéis da vida. A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a eliminar o desespero e os pensamentos negativos.

Farmacoterapia para depressão

Existem diversos tipos de antidepressivos à disposição ( Medicamentos usados para tratar a depressão). Elas incluem as seguintes:

Psicoestimulantes, como a dextroanfetamina e o metilfenidato, entre outros medicamentos, são frequentemente empregados em combinação com antidepressivos. Os psicoestimulantes são usados para aumentar o estado de alerta mental e a conscientização.

A erva-de-são-joão, um suplemento dietético herbáceo, é usada às vezes para aliviar uma depressão leve, embora a sua eficácia não esteja comprovada. Contudo, devido a interações potencialmente nocivas entre a erva-de-são-joão e muitos medicamentos com receita médica, as pessoas interessadas em tomar esse suplemento fitoterápico deverão discutir as possíveis interações medicamentosas com o seu médico.

Eletroconvulsoterapia

A eletroconvulsoterapia (antigamente chamada de terapia de choque) é usada às vezes no tratamento de pessoas com depressão grave, sobretudo quando elas são psicóticas, fazem ameaças de suicídio ou se recusam a comer. Ela também é usada para tratar a depressão durante a gravidez quando os medicamentos não são eficazes.

Esse tipo de terapia costuma ser muito eficaz e pode aliviar a depressão rapidamente, ao contrário da maior parte dos antidepressivos que podem demorar várias semanas até surtirem efeito. A velocidade com que faz efeito pode salvar vidas. Após a interrupção da eletroconvulsoterapia, episódios de depressão podem voltar a ocorrer. Para evitá-los, o médico geralmente receita antidepressivos.

Na eletroconvulsoterapia, são colocados eletrodos na cabeça do paciente e é aplicada uma corrente elétrica para induzir uma convulsão no cérebro. Por razões desconhecidas, a convulsão alivia a depressão. Geralmente, realizam-se, pelo menos, cinco a sete sessões de tratamento, em dias alternados.

Como a corrente elétrica pode provocar contrações musculares e dor, é aplicada anestesia geral durante os tratamentos. É possível que a eletroconvulsoterapia provoque alguma perda de memória temporária, mas raramente permanente.

Fototerapia

A fototerapia (banhos de luz) é o tratamento mais eficaz para depressão sazonal, mas pode ser útil em outros tipos de transtornos depressivos.

A fototerapia envolve sentar-se a uma distância específica de uma caixa de luz que emite luz com a intensidade necessária. A pessoa é orientada a não olhar diretamente para a luz e a permanecer em frente da luz por 30 a 60 minutos por dia. A fototerapia pode ser realizada em casa.

Se a pessoa dorme e acorda tarde, a fototerapia é mais eficaz pela manhã. Se a pessoa dorme e acorda cedo, a fototerapia é mais eficaz no período entre o final da tarde e o começo da noite.

Outras terapias

É possível tentar outras terapias que estimulam o cérebro quando outros tratamentos forem ineficazes. Incluem

  • Estimulação magnética transcraniana repetitiva

  • Estimulação do nervo vago

Espera-se que as células estimuladas liberem mensageiros químicos (neurotransmissores), que ajudam a controlar o humor e assim aliviar sintomas de depressão. Estas terapias podem ajudar as pessoas com depressão grave que não apresentam resposta a medicamentos ou psicoterapia.

Na estimulação magnética transcraniana repetitiva, uma bobina eletromagnética é colocada sobre a testa próxima a uma área do cérebro que se considera estar envolvida com a regulação do humor. O eletroímã gera pulsos magnéticos não dolorosos que, de acordo com os médicos, estimulam as células nervosas na área alvo do cérebro. Os efeitos colaterais mais comuns são dor de cabeça e desconforto próximo à área onde a bobina foi colocada.

Para a estimulação do nervo vago, implanta-se um dispositivo semelhante a um marca-passo (estimulador do nervo vago) sob a clavícula esquerda e liga-se ao nervo vago no pescoço com um cabo sob a pele. (O par de nervos vagos sai do tronco encefálico, localizado na base do crânio, passa pelo pescoço e nas laterais do tórax e abdômen até chegar a órgãos, como o coração e os pulmões.) O aparelho é programado para estimular periodicamente o nervo vago por meio de um sinal elétrico indolor. Este tratamento pode ser útil para depressão quando outros tratamentos forem ineficazes, mas geralmente leva entre três e seis meses para começar a fazer efeito. As reações adversas da estimulação do nervo vago incluem rouquidão, tosse e mudanças no tom de voz quando o nervo é estimulado.

Antidepressivos

Tipos de antidepressivos incluem

  • Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs)

  • Antidepressivos mais modernos

  • Antidepressivos heterocíclicos

  • Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)

A maioria dos antidepressivos precisa ser tomada regularmente durante no mínimo algumas semanas antes que eles comecem a fazer efeito. A maioria das pessoas precisa tomar antidepressivos por 6 a 12 meses para evitar recorrências. Pessoas com mais de 50 anos podem precisar tomá-los por até dois anos.

Os efeitos colaterais variam de acordo com o tipo de antidepressivo. Às vezes, quando o tratamento com um medicamento não alivia a depressão, é receitado um tipo (classe) diferente ou uma combinação de medicamentos antidepressivos.

As notícias têm recentemente falado sobre o risco de suicídio após a pessoa começar a tomar um antidepressivo. Algumas pessoas de fato ficam mais agitadas, deprimidas e ansiosas logo depois de começarem a tomar um antidepressivo ou após um aumento da dose. Algumas pessoas, especialmente crianças e adolescentes jovens, podem se tornar mais suicidas se esses sintomas não forem detectados e tratados rapidamente. Esse achado foi inicialmente informado em relação aos ISRSs, mas o risco provavelmente não difere entre classes de antidepressivos. O médico deve ser avisado se os sintomas piorarem após a pessoa ter começado a tomar antidepressivos ou após um aumento da dose (ou por qualquer motivo). Uma vez que ter pensamentos suicidas também é um sintoma da depressão, o médico pode ter dificuldade em determinar o papel que o antidepressivo desempenha nos pensamentos e comportamento suicidas. Alguns estudos dizem que essa ligação é duvidosa.

Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs)

Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs) são, atualmente, a classe de antidepressivos mais utilizada. Os ISRSs são eficazes no tratamento da depressão, além de tratarem outros transtornos de saúde mental que frequentemente coexistem com a depressão.

Apesar de os ISRSs poderem provocar náuseas, diarreia, tremores, perda de peso e dores de cabeça, estes efeitos colaterais costumam ser leves ou desaparecer com o uso contínuo. A maioria das pessoas tolera melhor os efeitos colaterais provocados pelos ISRSs do que os efeitos adversos dos antidepressivos heterocíclicos. ISRSs têm menos probabilidade de afetar o coração do que os antidepressivos heterocíclicos.

Contudo, algumas poucas pessoas parecem ficar mais agitadas, deprimidas e ansiosas na primeira semana após iniciar o tratamento com ISRSs ou se a dose for aumentada. Algumas pessoas, especialmente crianças e adolescentes mais jovens, podem ter um aumento na tendência de suicídio se esses sintomas não forem detectados e tratados rapidamente. Pessoas que tomam ISRSs, seus entes queridos e amigos devem ser alertados sobre essa possibilidade e instruídos a avisar o médico se os sintomas piorarem com o tratamento. Contudo, uma vez que pessoas com depressão não tratada algumas vezes também cometem suicídio, a pessoa, juntamente com o médico, deve avaliar esse risco com relação ao risco do tratamento com medicamentos.

Além disso, no uso prolongado, os ISRSs podem apresentar outros efeitos colaterais, como ganho de peso e disfunção sexual em um terço das pessoas). Alguns ISRSs, como a fluoxetina, causam perda do apetite. Durante as primeiras semanas após a pessoa começar a tomar ISRSs, é possível que ela se sinta sonolenta durante o dia, mas o efeito é temporário.

A interrupção repentina do uso de alguns dos ISRSs pode levar à síndrome de abstinência, que inclui tonturas, ansiedade, irritabilidade, fadiga, náusea, calafrios e dores musculares.

Antidepressivos mais modernos

Antidepressivos mais modernos são tão eficazes e seguros quanto os ISRSs e têm efeitos colaterais similares. Esses medicamentos incluem

  • Inibidores de recaptação de noradrenalina- dopamina (bupropiona)

  • Moduladores de serotonina (como mirtazapina e trazodona)

  • Inibidores de recaptação de serotonina- noradrenalina (como venlafaxina e duloxetina)

Como pode ocorrer com os ISRSs, o risco de suicídio pode aumentar temporariamente quando esses medicamentos são tomados pela primeira vez e a interrupção abrupta de inibidores de recaptação de serotonina- noradrenalina pode resultar em uma síndrome de abstinência.

Outros efeitos colaterais variam dependendo do medicamento (consulte a tabela abaixo).

Antidepressivos heterocíclicos (incluindo os tricíclicos)

Antidepressivos heterocíclicos, anteriormente o tratamento principal, são usados agora com menos frequência, pois têm mais efeitos colaterais do que os outros antidepressivos. Eles em geral causam sonolência e levam ao ganho de peso. Eles também podem aumentar a frequência cardíaca e diminuir a pressão arterial quando a pessoa se levanta (o que é chamado de hipotensão ortostática). Outros efeitos colaterais, chamados efeitos anticolinérgicos, incluem visão embaçada, boca seca, confusão, constipação e dificuldade em começar a urinar. Os efeitos anticolinérgicos geralmente são mais graves em idosos.

A interrupção abrupta de antidepressivos heterocíclicos, como os ISRSs, pode resultar na síndrome de abstinência.

Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)

Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) são bastante eficazes, mas são raramente receitados, exceto quando outros antidepressivos não foram eficazes. As pessoas que usam IMAOs devem seguir determinadas restrições alimentares e tomar precauções especiais para evitar reações graves envolvendo um aumento repentino e forte da pressão arterial associado a dor de cabeça intensa e latejante (crise hipertensiva). Essa crise pode causar um acidente vascular cerebral. As precauções incluem

  • Não consumir alimentos ou bebidas que contenham tiramina, como cerveja de barril, vinhos tintos (incluindo sherry), licores, frutas secas, salame, queijos envelhecidos, favas, extratos de levedura (Marmite), figos enlatados, passas, iogurte, queijo, nata, arenque em conserva, caviar, fígado, carnes muito temperadas e molho de soja

  • Não tomar pseudoefedrina, contida em muitos medicamentos de venda livre para tosse e resfriado

  • Não tomar dextrometorfano (um supressor de tosse), reserpina (medicamento anti-hipertensivo) ou meperidina (um analgésico)

  • Carregar sempre um antídoto, como pílulas de clorpromazina e, caso ocorra uma dor de cabeça latejante intensa, tomar o antídoto rapidamente e procurar o serviço de emergência mais próximo

As pessoas que tomam IMAOs também devem evitar o uso de outros tipos de antidepressivos, inclusive antidepressivos heterocíclicos, ISRSs, bupropiona, moduladores de serotonina e inibidores de recaptação de serotonina- noradrenalina. Tomar um IMAO com outro antidepressivo pode provocar um aumento perigoso da temperatura corporal, deterioração muscular, insuficiência renal e convulsões. Esses efeitos, denominados síndrome neuroléptica maligna, podem ser fatais.

A interrupção abrupta de IMAOs, assim como no caso dos ISRSs, pode resultar na síndrome de abstinência.


Fonte: MerckManual